segunda-feira, abril 09, 2007

Semana santa


Neste fim-de-semana prolongado fui de bicicleta a um parque da cidade na tentativa de pegar uma sombra e imergir na coletividade. O caminho é suave; um ou outro carro zune, alguns buracos nas ruas, um ipê deita suas folhas na calçada rachada e pássaros brincam no crepúsculo - no feriado a urbe sorri, descansada. O anel externo do parque expele pessoas sorridentes, enquanto atletas de fim de semana esforçam-se em busca de uma vida que a correria semanal não permite. Invado aquele oásis guiando minha bicicleta por entre as árvores... eis que surge um policial fardado de maneira jovial em uma mountain bike da mesma cor da farda. A mão em riste sinalizando para eu parar e o rosto de quem proíbe. "Não é mais permitido andar de bicicletas neste parque", disse. Sorri. O policial fechou a cara em retribuição, mas continuei sorrindo. Achei a situação tão ridícula que não pude responder, apenas ri e acatei a ordem do homem da lei. Vaguei um pouco empurrando a bicicleta e sentei-me em um dos bancos do anel externo. Introspectivo por causa do fim-de-tarde observava o movimento. Uma construção d'um prédio enorme se impunha, sisuda, no horizonte; sob sua sombra uma família de catadores de papel revirava o lixo, enquanto uma viatura da polícia passava olhando para a parte interna do parque como quem guarda a tranqüilidade daqueles que a podem pagar. Sorri novamente.

4 comentários:

Renato Rocha disse...

Foi no Bosque dos Buritis?

contra disse...

não, foi no vaca brava. infelizmente não achei uma foto de lá, mas como achei essa bem bonita a coloquei para ilustrar. =)

LSM disse...

A narrativa é uma delícia( que não achei outra palavra, que parecesse melhor).
E eu fiquei sentindo um misto de contentamento e angústia, que não sei se era por vontade de passear no parque, por pena da família catadora de papelão, ou pelos mais abastados sendo vigiados.

Renato Rocha disse...

Poxa, proibido pedalar logo no Vaca Brava?

Quanta fuleragem.