quarta-feira, abril 18, 2007
O Cheiro do ralo
O Cheiro do Ralo, filme baseado no romance homônimo de Lourenço Mutarelli, beira a genialidade. Sério. Ainda assistindo, em meio a gargalhadas, pensava com certa inveja que queria ter escrito algo parecido. Melhor, queria ter sido eu o autor de O Cheiro do Ralo. Pretensão? Babaquice? Pode ser, mas o fato é este mesmo: o enredo é ao mesmo tempo tão banal e tão genial que qualquer um poderia ter escrito; mas somente Mutarelli o fez. Estória (história?) típica de um paranóico: cheia de obsessão, mania de perseguição e megalomania. Lourenço - interpretado por Selton Mello - é um comprador de objetos usados que se vê obsecado por uma bunda e perseguido pelo cheiro do ralo do banheiro do escritório [surreal] em que trabalha. Nada incrível, certo?! Mas a maneira como foi executada a idéia (e nisso entra o mérito inegável tanto dos roteiristas e diretores, quanto dos atores) deixa a coisa toda mais delirante do que a estória a princípio pode parecer. Figuras impagáveis, situações non-sense e um humor caustico [longe da prisão do politicamente-correto] compõem o ambiente de um dos melhores filmes brasileiros que vi ultimamente. O melhor do filme, a meu ver, é que sai daquele esquemão nordeste/pobreza/coitadinho-de-nós típico do cinema nacional. A imersão total no ambiente urbano e referências ao mundo pop [a cena em que a ex-atriz-cantora-e-modelo (sic) Tiazinha cita Nietzsche é simplesmente impagável] produzem aquela identificação quase imediata a que me referi acima, a ponto de achar que posso fazer igual. O Cheiro do Ralo é um filme simples e direto, mas não superficial. Por isso bom.
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2 comentários:
Ai, por sua causa lá vou eu ao cinema.
Aí eu concordei. Até ri quando um amigo (holandês) aqui chegou pra mim dizendo, Ei, aquele filme, O Cheiro do Ralo, eu vi, não parece exatamente um filme brasileiro, digo, poderia ter sido feito em qualquer lugar.
Em resposta, eu pensei: Exato, e que bom!
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