quarta-feira, maio 23, 2007

Roberto e Erasmo - Tudo certo


Se Roberto Carlos representa uma face desagradável do Brasil (o subdesenvolvimento, o catolicismo e o autoritarismo), Erasmo Carlos suscita uma visão mais anárquica, leve e, por que não?!, festiva deste país. O recente caso do acordo entre RC e a editora Planeta para a proibição e queima (!) da biografia do auto-intitulado Rei, figura entre os acontecimentos mais ridículos da última onda de absurdos que o Brasil enfrenta. Se, por um lado, Roberto figurou em manchetes durante todo o desenrolar do caso, Erasmo foi uma espécie de ausência explosiva. Esse acontecimento declara em auto e bom som a dialética sem síntese que faz do Brasil, Brasil.

Podemos ver isso não só nesse acontecimento específico, mas também nos trabalhos autorais dos dois músicos. O último disco de RC, Duetos, lançado no final do ano passado, repete àquela autofagia decrépita que se tornou a sua figura - os convidados são meros suportes para a sua fantasmagoria. Já Erasmo Convida II é um alento; Erasmo imerge de tal maneira nas participações que, vez ou outra, nos perguntamos se o convidado ali é ele; leveza, alegria e sensibilidade emanam das canções. Entretanto, há uma ausência que paira por todo o disco; a figura de Roberto Carlos - a maioria das canções são parcerias entre os dois. Taí a dialética estática de que falei acima, ela nos lembra que a face do terrível por vezes se esconde no trivial; ou como diz a letra: "Tudo em volta está deserto tudo certo/ Tudo certo como dois e dois são cinco".

terça-feira, maio 08, 2007

Velho Chico


Chico Buarque fará dois shows aqui em Goiânia, dias 17 e 18 de Maio. Grande coisa. O mais engraçado é que um dia após o começo da venda de ingressos já se haviam vendido mais de mil; a goianada toda quer ver o velho Chico. Pode parecer implicância minha, mas acho realmente que não vale a pena pagar entre R$150 e R$200 (!), a inteira, para ver um músico em franca decadência. É sério, Chico Buarque é um dos músicos mais desproporcionalmente incensados do Brasil. Tudo que ele faz, antes mesmo de sair, já é perfeito (há quem diga que até as pelancas dele são). Ok, respeito o mau gosto alheio; entretanto, basta fazer um testezinho simples e rápido: ouça esse último disco, Carioca, três vezes seguidas - desconfio da pessoa com menos de 5 décadas de vida que passar por ele sem sentir um tédio profundo. Não que o show não possa ser tecnicamente perfeito, assim como o cd o é; pois, Chico faz-se acompanhar de músicos muito bons e o teatro onde vai tocar possui uma acústica e uma aparelhagem dignas e tudo mais. Mas, a questão não é essa. A questão é que são R$ 150, no mínimo, para ver/ouvir um artista que não faz nada interessante há pelo menos uma década! Essa gente só pode ser louca.
O velho Chico que me desculpe mas vou ficar por aqui vendo a banda passar e, se der, dou um aceno para quem vai.