domingo, novembro 05, 2006
Saddam e suplício
O filósofo francês Michel Foucault diz em seu livro Vigiar e Punir que a passagem do suplício para formas de punição baseadas no encarceramento se deu não por "humanização" dos processos de punição, mas por uma mudança de tecnologia daqueles processos. Pois bem, como todos sabem Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque, foi condenado à forca por seus "crimes de guerra". O que vemos nesse momento, me parece, é toda a máquina de guerra dos E.U.A. mostrando sua face. Bush e seus asseclas arquitetaram muito bem todo o teatro de captura e julgamento de Hussein caindo ambos em anos de eleições [presidência e congresso, respectivamente] na "América" [alguém aí acredita em coincidências?], transformaram todo o processo em cima do ditador em espetáculo. O suplício, diz Foucault, produz um espetáculo/ritual político que atesta o poder do soberano, restabelecendo a hierarquia em que o rei é mais poderoso que todos. Assim, a condenação à forca de Saddam Hussein servirá como uma punição espetacular reestabelecendo o Estado de Exceção e, de quebra, produzindo um mártir para a permanência da "guerra infinita" de Bush. O que fica claro é que para a permanência da Doutrina Bush vale tudo, indenpendentemente das tecnologias utilizadas para esse fim - sejam elas sutis ou não.
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Um comentário:
Não é por ser um ditador contemporâneo meu, mas muito senti por sua execução, muito agravo me fizeram, o povo que o assassinou. Claro que outros como eu, assim também sentiram, não por que fossem mals, ou concordassem com as atrocidades cometidas por Saddam, ou o tendo como igual, mas que tão cruel quanto o Saddam são as convenções.
Lamento pelo " raciocínio" que conduziu os homens que assassinaram Saddam, seu igual.
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